WALKÜREN - AS TRÊS MARIAS Capítulo Cinquenta e Três
WALKÜREN - AS TRÊS
MARIAS
Capítulo Cinquenta e Três
Juvêncio passou a tarde toda estudando um mapa da
região. Assinalou os pontos onde os corpos foram encontrados nos últimos dias e
também os locais em que teve contato com a fera.... reparou que havia um
padrão, que se repetia.
Quando Santana chegou, atendendo a um pedido do
delegado, os dois se debruçaram sobre os dados colhidos até então... era hora
de traçar uma estratégia. Como eram oito pessoas no grupo... isso se a professora
Matilde resolvesse participar da excursão dessa noite, Juvêncio estava pensando
em dividir o pessoal em dois grupos...ele ficaria com as três Marias, uma vez
que fora orientado a jamais separa-las, e outro grupo formado pelo delegado,
seu ajudante, o médico e a professora.
Depois de muito ponderar, finalmente traçaram a
estratégia para a caçada noturna. Iriam em dois grupos, como acordaram de
inicio. Patrulhariam em dois pontos distintos e o primeiro grupo a avistar a
fera avisaria o segundo. Não sabiam exatamente como se comunicariam, mas tinham
um bom par de horas para resolver isso.
Mais ou menos umas cinco da tarde todo o grupo se
reuniu. Ainda era um pouco cedo, mas assim mesmo fizeram a refeição noturna,
pois teriam que sair antes que a noite chegasse. Na noite anterior a fera tinha
saído para caçar bem mais tarde, mas como conseguiram atrapalhar seu intento, decidiram
que era melhor se preparar para enfrentar um vampiro faminto...
Checaram seus equipamentos e finalmente partiram em
direção à pradaria. Quando iniciaram a cavalgada o sol estava alto, ainda...Não
tão alto, é claro, mas teriam ainda umas duas, três horas de luz diurna, o que
equivalia a dizer que estavam relativamente seguros.
Finalmente chegaram ao destino, quando se dividiram em
dois grupos. Acordaram que como sinal seria atirada uma flecha de fogo ao
céu... como não estariam tão distantes uns dos outros, acreditavam poder
identificar o sinal. E assim, cada grupo foi para seu ponto de observação...
O primeiro a notar algo diferente nos arredores foi
Torquato. O silêncio que se abateu sobre o local em que se encontravam não era
normal... e isso o deixou em alerta. Quando Santana percebeu que seu auxiliar
olhava para todos os lado, atento a qualquer barulho estranho, ele também se
pôs em guarda... e assinalou para seus companheiros fazerem o mesmo.
Rapidamente todos trataram de se proteger...
O silencio que pairava no ar era sepulcral... não
seria exagero dizer que a sensação que os quatro sentiam era estarem em um
velório... todos se abaixaram atrás das pedras que haviam no local, pegaram
suas armas e ficaram a espera...
Claro que você nunca sabe de que direção pode partir
um ataque... e pode calhar de você se esconder justamente no caminho do
agressor. Foi o que aconteceu com o grupo. Haviam se abrigado justamente em um
local que serviria de rota para o dinossauro...
Felizmente o animal era grande e, quando estava se
aproximando, o grupo percebeu, conseguindo esconder-se a tempo. Mas foi
realmente por um triz. O lagarto passou correndo pelo local onde a poucos
instantes os quatro se abrigavam... um pouco mais e seriam pisoteados pelo
imenso sauro...
Depois de alguns instantes se recobraram do
susto inicial. Resolveram seguir o bicho. Afinal ele havia saído para caçar. E
era a hora do caçador virar caça. Era hora de avisar o grupo do Juvêncio, mas
acharam prudente não usar a flecha de fogo, como tinham combinado. Isso
deixaria sua caça em alerta, e eles queriam usar o elemento surpresa.
Matilde se candidatou para avisar o delegado. Santana
não achou uma boa ideia, mas o grupo apoiou a decisão da professora. E assim,
enquanto os três cavaleiros perseguiam o lagarto e seu senhor, a professora
seguia em disparada até o local em que Juvêncio e as meninas estavam de tocaia.
Pouco tempo depois Matilde estava já conversando com
Juvêncio. Ato contínuo, todos pularam para as selas das montarias e partiram na
direção apontada por Matilde. Uma mão no arreio e outra no rifle... e assim
todos se preparavam para o confronto inevitável.
Não demorou muito e logo todo o grupo estava reunido,
em perseguição ao vampiro. Que ainda tinha uma boa dianteira. Eles seguiam a
trilha deixada pelo bicho, que ia amassando tudo pelo caminho. Depois de algum
tempo, Torquato levantou a mão, pedindo para o grupo diminuir o ritmo... o
dinossauro já podia ser avistado pelo grupo....
Juvêncio fez um gesto com as mãos e instantaneamente
todos se separaram, formando um grande leque, seguindo em direção ao alvo ... a
intenção do grupo era deixar seu oponente imobilizado em um círculo de fogo...
no caso, fogo cruzado de balas de prata. Se tudo desse certo, a carreira
do vampiro se encerraria naquela noite...
Quando estavam chegando perto, notaram que o monstro
estava envolto por uma névoa, que ia aumentando conforme ele avançava. E, num
dado momento, quando estavam prontos para cercar a fera, o bicho simplesmente
desapareceu. Frearam suas montarias, tentando entender o que acabara de
acontecer. As três Marias sabiam, mas não estavam autorizadas a contar. E
sabiam, de antemão, que essa era a noite do Anhangá. E nada, absolutamente
nada, o impediria de banquetear-se e saciar sua sede de sangue...
Juvêncio apeou e começou a examinar a pista. Não ficou
exatamente surpreso pelo ocorrido, afinal não era a primeira vez que enfrentava
um inimigo dessa envergadura. Sabia que as forças do além não seguiam nenhuma
lógica, as manifestações tinham sua própria maneira de agir... não tinha muita
esperança de descobrir qualquer pista que pudesse leva-los até onde o monstro
poderia estar atacando...
Depois de algum tempo observando o solo, e depois de
conversar com Torquato, Juvêncio chegou à conclusão de que o vampiro iria
atacar a noroeste de onde estavam. Todos seguiram em disparada para o local
indicado por Juvêncio. Desta vez estavam realmente a toda velocidade, pois
sabiam que era uma corrida contra o tempo. Dependia de sua velocidade a vida ou
a morte de inocentes...
Passada uma meia hora de galope, encontraram a
primeira vítima. Não pararam por muito tempo. Sua rapidez na perseguição ao
monstro poderia salvar algumas vidas. Seguiram desta vez para o norte.
Novamente encontraram mais uma vítima. Desta vez tomaram a direção sul. Não
tiveram que se distanciar muito do local em que se encontravam. A fera estava
prestes a atacar sua terceira vítima da noite. Começaram a disparar contra a
fera, que assustou-se com a intervenção inesperada. Uma vez mais o grupo
teve o desprazer de fitar aquele olhos flamejantes...
Ao contrario da primeira vez, quando a besta havia
fugido do confronto, desta vez veio com toda a sua fúria de encontro ao grupo.
As armas começaram a cantar, e o dinossauro foi atingido várias vezes. O animal
tombou. No mesmo instante, seu ginete saltou e tratou de correr através da
mata, usando a noite para proteger-se e fugir de seus perseguidores...
Comentários
Postar um comentário