WALKÜREN - AS TRÊS MARIAS Capítulo Trinta
WALKÜREN - AS TRÊS MARIAS
Capítulo Trinta
- Mas onde essa mulher se
enfiou, meu Senhor Amado?
Era Juca, andando de um
lado para o outro na sala. Estava preocupado. Já era perto de meia noite e ele
não fazia a menor ideia de onde Izabel poderia estar. Ele não conseguia
entender o que estava acontecendo. Porque sua esposa não vinha para casa? Para
onde ela teria ido? Eram perguntas que só teriam resposta quando ela
chegasse. Enquanto isso, Juca continuaria preocupado com o que teria acontecido...
Quando chegou à loja
naquela manhã e as moças avisaram que Izabel havia saído da cidade a cavalo,
ele não entendeu muito bem o que estava acontecendo. Mas pensou que talvez sua
esposa tivesse resolvido dar um passeio para espairecer um pouco, já que na
ultima semana ela se estressara muito com a entrega das encomendas e com o
descaso da fábrica de tecidos.
Ao examinar a sala de
Izabel, percebeu que ela trocara de roupas... claro que não seria muito
confortável cavalgar de roupa social... mas ela as trocou pelas roupas de sua
época de aventuras... ele olhou o cofre, e notou que as armas que ficaram por
tanto tempo guardadas haviam desaparecido, juntamente com o cinturão. Claro que
as moças não a viram sair armada da loja, mas com certeza as armas saíram
dentro da sacola que ela levou. Isso o deixou ainda mais preocupado.
Durante toda a tarde Juca
ficou de um lado para o outro, na expectativa de que a qualquer momento Izabel
retornasse para a loja. Cada cliente que entrava o fazia suspirar, na esperança
de que seria ela. E logo em seguida, uma expressão de desânimo se estampava em
seu rosto, ao ver que não era quem ele estava esperando...
Quando chegou a hora de
encerrar o expediente, Juca ficou um pouco indeciso... seria melhor esperar por
Izabel um pouco mais, ou ia logo para casa? Depois de ponderar um pouco,
percebeu que a melhor opção realmente seria esperá-la em casa. Dificilmente ela
iria para a cidade naquele horário...
Ao chegar em casa foi
recepcionado por Mario e Sônia, seus dois pedaços de gente. Agarram-se à
sua perna e ele os alçou ao seu colo. Entrou em casa, onde Cecília terminava de
preparar o jantar. A moça estranhou ao ver o cunhado sozinho e fez menção de
perguntar alguma coisa, mas a expressão nos olhos do rapaz a fez entender a
situação. Ficou em silêncio.
Cecília deu banho nas
crianças, as alimentou e depois finalmente as colocou para dormir. Eram mais ou
menos umas oito horas da noite. Ela tinha que ir para a casa de sua mãe, mas
estava um pouco incomodada em deixar o rapaz sozinho... perguntou se ele não
queria companhia até sua irmã chegar....
- Tem certeza de que está
tudo bem, Juca?
- Bem, bem, não está, não
é? Não faço a menor ideia do paradeiro de sua irmã...
- Se quiser, eu falo com
minha mãe e fico aqui até ela chegar...
- Não, Cecí, deixa prá
lá... logo ela chega...
- Você não sabe mesmo o que
aconteceu?
- Não aconteceu nada,
Cecí... estou falando!
- Vocês não discutiram...
não brigaram?
- De jeito nenhum... a
gente estava em paz... faz muito tempo que não discutimos...
- Sério?
- Sim... eu cansei de
perder para ela...
- Bem... se você tem
certeza de que não vai precisar de mim... então vou para casa e volto só
amanhã...
- Obrigado, Cecí... vai dar
tudo certo....
Mas as horas foram passando
e nada de Izabel aparecer. Juca já estava se desesperando. O pior é que não
poderia ir atrás de sua esposa por dois motivos... não sabia onde ela poderia
estar, além de que não tinha lógica deixar as crianças sozinhas enquanto
procurava a mãe delas...
Os primeiros raios de sol
encontraram um Juca insone, ainda caminhando pela casa, desnorteado. Agora
realmente estava preocupado... quer dizer, ainda mais preocupado. Afinal, sua
esposa não deu sinal de vida. Foi até o fogão, colocou algumas madeiras na boca
do mesmo e o acendeu. Colocou uma panela de água para fazer o café. Teria que
buscar o leite na mangueira, mas não podia fazer isso, pois continuava sozinho
para cuidar das crianças. Enquanto Cecília não chegasse ele teria que
permanecer ali...
Não demorou muito... a água
nem chegou a ferver... e Cecília estava entrando na casa. Olhou para o cunhado
e instantaneamente entendeu que ele passou a noite em claro e que sua irmã não
havia aparecido. Tomou as rédeas da cozinha. O rapaz aproveitou e saiu em
direção à mangueira, buscar o leite para as crianças. Logo elas acordariam.
Ainda bem que não eram muito ligadas à sua mãe... pois assim o transtorno seria
menor.
- Você... vai para a sede?
- Não sei... acho que é
melhor ir atá a cidade, abrir a loja da Belinha...
- Você acha...
- Não acho nada... mas
tenho que abrir a loja e depois ir na delegacia. E depois vou ter que dormir um
pouco... passei a noite em claro....
- Será que aconteceu alguma
coisa com a Belinha?
- Que aconteceu,
aconteceu... mas o que, Meu Deus?
- Olha... vocês não
brigaram mesmo, não é?
- Não, Ceci... eu já te
disse... faz tempo que a gente não tem nenhum tipo de problema...
- Mas isso não é normal...
ela sumir assim...
- Eu sei. Por isso é que
vou conversar com o delegado... sei lá... talvez ele saiba de alguma coisa...
- O delegado?
- É... afinal, ela saiu com
a roupa que usava quando estava caçando bandido...
- Está brincando...
- Bem que eu queria... sabe
as armas que ela usava na época?
- O que é que tem?
- Ela levou....
E Juca montou seu cavalo e
seguiu em direção à cidade. Logo chegou à loja, onde as funcionárias já estavam
esperando. Estranharam por ver o marido da patroa, mas não falaram nada. Ele
delegou o controle da loja para a empregada mais antiga e foi em direção à
delegacia. Tinha que informar o desaparecimento de sua esposa. E depois teria
que avisar sua sogra... ficou preocupado com a segunda parte da missão... como
a mãe de sua esposa receberia a noticia de que ele não fazia a menor ideia de
onde estaria sua filha?
Enquanto isso, em algum
ponto das montanhas, as três amazonas levantavam acampamento. Só depois que a
noite passou é que Izabel se deu conta de como sua família estaria, por não
saber para onde ela foi. Deu de ombros. Quando chegasse em casa conversaria
francamente com seu esposo. Iria embora. Sentia que precisava ir para algum
lugar que não sabia onde era. Rosa sabia bem o que devia fazer... ia se demitir
de seu trabalho na escola. Quanto a Graça, já havia deixado sua loja nas mãos
de sua fiel escudeira. Sim, todas sentiam que tinham que seguir para algum
lugar. Não sabiam onde era, nem qual seria seu destino. Mas sentiam que
chegariam lá...
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