O MILAGRE DO LADRÃO


 

O MILAGRE DO LADRÃO


Um inocente com seis anos de idade

Triste vivia por não poder caminhar

Sempre sentado numa cadeira de rodas

Olhava triste seus amiguinhos a brincar...


José era um menino de origem pobre...seis anos. Vivia sempre tristonho. Não era para menos. Atingido pela pólio, não podia correr pelo quintal como seus amiguinhos. Por não poder andar, vivia sempre sentado. Com muito custo, seus pais conseguiram arrumar-lhe uma cadeira de rodas, o que lhe permitia ao menos locomover-se com menos sacrifício... mas o fato de poder ir, com uma certa liberdade, de um canto ao outro não lhe tirava a angustia de não poder correr pelos campos, brincar com Pitoco, o cãozinho da família, jogar bola com as crianças das redondezas. Sim, a tristeza por não poder participar dos folguedos das crianças de sua idade era tamanha, que não conseguia disfarçar...

Rosana, sua mãe, vendo o sofrimento do garoto, tudo fazia para tentar animá-lo. Claro que em alguns momentos conseguia, mas logo a tristeza voltava ao seu semblante. Ela tentava de tudo... contava histórias, levava o garoto para passear pelas redondezas, para que ele pudesse apreciar a natureza a sua volta, como a cachoeira que ficava não muito longe de onde moravam. Um pouco a frente o rio se abria para um grande lago, protegido pela vegetação nativa, onde os pássaros faziam seus ninhos.  Todo dia, na alvorada, quando estes saiam de seus lares para lutar pela vida, sua revoada fazia uma explosão de cores e sons no céu, tornando esse um dos espetáculos mais bonitos que poderiam ser apreciados... e não raras vezes, Rosana e Marcelo, seu esposo, levavam o menino até o local para que pudesse apreciar essa visão divina, celebrando a vida em cada amanhecer...

"Mas, como", talvez você me pergunte, "tiravam a criança da cama tão cedo para ir no meio do mato? Eram doidos, esses pais?" Bem, na roça todos costumam levantar cedo. E não é raro embrenhar-se pela mata quando o orvalho ainda está pousado nas folhas e o sol não o fez misturar-se a terra para alimenta-la. E muitas vezes, quando Marcelo se dirigia ao eito para garantir o sustento da família, Rosana embrenhava-se na floresta para pegar lenha que iria usar para preparar as refeições da família. Sim, a vida no campo não é fácil. E se você apresenta algum problema de saúde, essa vida torna-se um pouquinho mais difícil... 

As pessoas do campo costumam depositar toda a sua fé no Criador, entregando a Ele sua vida e deixando que Este cuide de prover aquilo que precisam para tocar a vida. Rosana não era diferente.  Sua fé era tão forte que tinha certeza de que um dia o Onipotente curaria seu filhinho. E dizia sempre isso a ele. À noite, antes de dormir, todos os dias ela rezava com seu filho, pedindo a Deus que lhes concedesse a graça de as pernas  do garoto se curarem, para que ele pudesse levar uma vida normal, como todo mundo. E José agarrava-se a essa esperança, fechando os olhinhos e pedindo ao Papai do Céu que lhe concedesse esse milagre...

Os dias foram se passando. E José firme em sua fé, certo de que um dia O senhor iria visitá-lo. Claro que quando falava isso para as crianças à sua volta, elas riam de suas esperanças. Como assim, ele achava que seria curado e iria andar como todo mundo? Não tinha como isso acontecer... mas sua mãe sempre reavivava sua fé, quando esta era abalada pelas palavras inocentes, mas duras, de seus amiguinhos...

José cada dia que passava tinha sua esperança aumentada. Um dia perguntou a sua mãe como era a figura de Jesus, para que ele pudesse reconhecê-lo quando o Salvador viesse visita-lo... então sua mãe lhe disse que Jesus era um velhinho muito pobre, com barba comprida e cabelos grisalhos, igual ao seu avô Manoel. Ela lhe explicou que o Senhor não ostentava riqueza, viria em vestes simples, pois seu poder estava na alma e não no exterior...

José dormia em um quarto separado de seus pais, com um espaço para sua cadeira de rodas ao lado da cama. A janela, fechada com tramela, como aliás se fechavam todas as portas e janelas das casas das redondezas, ficava no lado oposto de sua cama. Como o lugar era tranquilo, não era raro deixar as janelas destrancadas e muitas vezes abertas, para nos dias de calor sentir a brisa refrescante que vinha da mata. Certo dia, ou melhor, certa noite, os céus despejaram sobre a terra toda a água que estava guardada nos reservatórios divinos. Raios e trovões riscavam o céu, oferecendo um espetáculo sem igual na noite escura que se apresentava. A janela de José estava encostada, mas não trancada, como já era praxe em sua vida. Foi então que, durante os segundos reluzentes de outro raio cortando o céu, que ele viu um vulto se esgueirando pela janela, entrando no quarto. Ele reconheceu na hora a figura que o vinha visitar... era Jesus, finalmente... ele tinha vindo lhe dar o dom da cura!

Tamanha foi a fé do garoto, que ele se levantou de sua cama sem o auxilio do que quer que fosse. Aproximou-se da figura que entrou em seu quarto, ajoelhou-se à sua frente e agradeceu a esta o presente que lhe havia concedido. Levantou-se, segurou a mão do homem que estava a sua frente, e pediu para que o mesmo se sentasse junto com ele em sua cama, e que rezassem juntos as orações que sua mãe lhe havia ensinado.... então, após terminar a oração, José beijou a face por ele tão querida e desejada, do Homem que viera curar suas pernas e devolver-lhe a capacidade de andar, sem mais depender de muletas e cadeiras... a partir daquele momento, Jesus havia lhe dado o dom de poder caminhar com suas próprias pernas, poderia ajudar seus pais na roça, brincar com seus amiguinhos de bola, queimada, pega-pega... nossa, Meu Deus, que presente lindo O Senhor lhe havia concedido...

Da mesma forma que entrou no quarto, o homem saiu. Lágrimas rolavam por sua face, lágrimas essas que o garoto não viu, pois estava escuro. Enquanto ele se perdia nas brumas da noite, o garotinho lhe acenava, agradecendo a este por tê-lo curado... e nunca, em momento algum, percebeu que o homem que havia tomado por Jesus era um ladrão que havia invadido seu lar para roubar o pouco que tinham... mas que, ao ver o milagre acontecer, se arrependeu e partiu para o mundo de Deus...

São 8:00 da manhã, estamos com 18ºC... será que hoje finalmente vai esquentar? Não sei... espero que sim!

Fiquem com Deus e que Ele nos conceda sua Benção e nos permita vivermos a melhor de todas as sexta feiras que já tivemos em nossas vidas...   Um beijo para todos os que lerem essa historinha, baseada na canção de Zilo e Zalo, chamada "O milagre do ladrão"....

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