E JÁ É DOMINGO NOVAMENTE....


 

E JÁ É DOMINGO NOVAMENTE...

E aqui estou eu de volta, às 07:43hrs deste domingo maravilhoso, com a temperatura na casa dos 25ºC e com previsão de uma tarde chuvosa. Já era de se esperar, afinal essa semana toda foi uma semana com um clima agradável, um sol lindo, nos convidando para apreciar a vida em toda a sua plenitude. Daqui a dez dias se inicia o verão. Dependendo do ano, o clima é quente e seco. 2022 se mostra um ano com muitas precipitações. Ainda bem. Afinal, sol e calor são bons, mas se não chover para que os níveis dos reservatórios se mantenham, o abastecimento de água acaba se tornando um problema e o rodizio em seu fornecimento acaba se tornando a única solução viável...  quem tem um reservatório em casa acaba sentindo menos, se a interrupção for curta... mas se, como já aconteceu, ficar dois, três dias sem água... é horrível, principalmente para quem tem criança pequena em casa. O pior é que não existem soluções paliativas para o problema, quando ele se apresenta. O máximo que você consegue, nesses casos,  é comprar água mineral para o consumo da família e deixar a água do reservatório para outras necessidades diárias, como o banho, por exemplo. Pois nada é pior do que, em um dia quente, você ter que ir dormir sem se banhar por falta d'água... então, que venha a chuva, pois ela é abençoada. E necessária para a vida!

Ontem a tarde um de meus vizinhos resolveu lavar seu carro na rua, em frente a minha casa. Até aí, nada de mais, tudo normal. O problema é que toda vez que vai lavar seu carro, ele tem que colocar suas músicas favoritas, que eu simplesmente detesto, no ultimo volume para que toda a vizinhança também possa... apreciar! Foram mais ou menos umas três horas de música ruim... quer dizer, para ele que gosta, era o paraíso na terra. Talvez, se houver mais alguém na rua que goste do seu estilo musical, a tarde tenha sido agradável. Mas eu duvido um pouco. Calor e som alto não combinam, ao menos em minha opinião. Além disso, sempre em minha opinião, veja bem... não existe boa música em som extremamente alto. A música é para te fazer sonhar, se perder em devaneios, flutuar pela imaginação. Um som estridente simplesmente não te permite isso. Vou tentar me explicar. Quando ainda era uma garotinha, em casa não tinha TV. Aliás, a maioria das casas não tinha. A nossa diversão era principalmente o rádio. Existiam outras formas de diversão, é claro. Os homens da vila, devido a sua origem do interior, costumavam reunir-se nos finais de semana e, regados a cachaça, cantar acompanhados de viola e violão. Meu pai era um desses violeiros de final de semana. Ele tocava viola razoavelmente. Cururu, catira, cateretê, toada, moda de viola... ritmos que ele aprendeu em sua infância e que, junto com nossos vizinhos, tocava nas reuniões que faziam. Tínhamos um vizinho que tocava violão, então os dois, acompanhados por seus instrumentos, reproduziam por horas o repertório aprendido com os programas sertanejos que acompanhavam no rádio. É claro que, lá pelas tantas, todos os participantes da "roda de violeiros casual" estavam mais para lá do que para cá, mas o que valia para eles era a diversão depois de uma semana de trabalho duro. Afinal, levantar todos os dias às quatro horas da manhã, enfrentar duas horas de percurso de bicicleta e retornar aos seus lares lá pelas dez da noite não era uma rotina das mais agradáveis. Mas tinham que faze-lo, para garantir o sustento da família...

Meu pai, assim como os outros homens da região, era um homem batalhador. Sofreu muito para conseguir dar um lar para sua família. Sua labuta começava cedo, de madrugada, e como eu disse, não acabava antes das dez, onze horas da noite. E, muitas vezes, sua semana se estendia pelos sábados e domingos e , não raro, ficava dois, três meses sem folgar. É claro que não era só ele, isso acontecia com todos. Então, nada mais justo que, quando conseguiam, se divertissem um pouco. Pena que a bebida atrapalhasse essa diversão. 

Devo dizer que meu pai era semianalfabeto. Por vários motivos, todos eles relacionados aos problemas que a vida traz para cada pessoa superar e crescer, ele teve que sair da casa de seus pais ainda garoto e se aventurar pelo mundo afora. Trabalhou algum tempo como caiçara, serviu o exército, foi trabalhar na roça, conheceu minha mãe e casou-se com ela e, tentando melhorar a vida de todos, veio para a "cidade grande" de mala e cuia, trazendo em sua bagagem apenas seus sonhos e esperanças. Por algum tempo sua irmã mais velha, que já morava na cidade, o acolheu. Mas por vários motivos ele alugou, depois de algum tempo, uma casinha para sua esposa e filhos morarem. Com muito esforço, pois ganhava um salário mínimo da época, conseguiu comprar um terreno. Muitas horas extras e privações. Mas venceu.

No dia em que finalmente nos mudamos para a nossa casa nova (eu tinha uns quatro anos, mais ou menos) foi uma festa. Cada carrinho de terra que era tirado do terreno significava mais espaço para as crianças brincarem e para os adultos se locomoverem com mais facilidade. A casa não tinha nenhum dos confortos com os quais não conseguimos viver hoje... eram quatro cômodos grandes, sendo dois quartos, uma sala e uma cozinha. O banheiro foi feito do lado de fora. O piso era de terra batida e a casa não tinha janelas. Quer dizer, os locais desta estavam demarcados, mas no início, por falta de dinheiro para comprá-las,   meu pai optou por deixar essas de lado, e arrumar o lugar para abrigar sua família...

Bem, por hoje chega de falar. Tenho que sair daqui a pouco, então só posso desejar a todos um lindo final de semana, e que esse domingo seja o mais feliz de todos os que já vivemos até hoje. Que Deus derrame sobre nossas cabeças todas as Benções do Céu e que nos permita nos reencontrar amanhã aqui, neste nosso cantinho...

Até amanhã, se Deus assim o permitir....

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