PRECONCEITO E DESTINO...
Segunda feira, 5 de dezembro (mais 19 dias e já é Natal! Meu Deus!), 21 ºC, dia nublado...mais tarde, com certeza, teremos chuva. E horário de "rush" antecipado, devido ao jogo das oitavas de final da Seleção... bem, não posso reclamar do jogo, já que graças a ele ficarei mais um dia de férias em casa. Ontem a noite meu chefe me enviou uma mensagem me comunicando que poderia retornar amanhã ao invés de hoje. Achei ótimo, já que ainda tenho algumas coisas pendentes para fazer... não, não vou ver o jogo da Seleção. Detesto futebol, como já disse para vocês várias vezes. Mas gostei da folga concedida graças a ele.
Agora de manhã, quando estava colocando o lixo para fora, vi minha mãe e uma prima minha comentando sobre uma certa família, onde por motivos que só Deus conhece, deu tudo errado na vida deles. A esposa já morreu, não faz muito tempo. O marido estava separado desta e já a algum tempo iniciara uma nova relação. Os filhos e a ex acabaram perdidos, procurando refugio nas drogas, lícitas e ilícitas. No caso, minha mãe e minha prima estavam conversando sobre o assunto e tentavam descobrir de quem tinha sido a culpa do destino destes, se do homem ou da mulher. Fiquei pensando, e de repente, como em um estalo, me veio a mente... nem ele, nem ela foram os principais culpados da situação. Não. Na verdade, as coisas descambaram um pouco antes. Quando os dois se casaram, contra a vontade de seus pais. Já vou explicar...
Um dos maiores problemas da humanidade, que parece insolúvel, é o preconceito de raças. Mesmo que nossa sociedade não o reconheça formalmente, e mesmo que na maioria dos casos a gente nem perceba, é uma coisa tão arraigada em nossos costumes, que nem percebemos esse problema em nosso redor. E digo isso por conhecimento de causa. Eu, por exemplo, como a maioria dos brasileiros, sou mestiça. Meu pai era branco, tez bem clara, e minha mãe é negra. Mas ela também é mestiça. Seu pai era descendente de europeus e sua mãe, filha de índio com negra, ex-escrava. Bom, eu sou morena, tez acobreada, se assim podemos dizer. Como me identifico? Parda, é claro. Uma vez uma chefe minha me perguntou se, quando criança, não havia sofrido bulling por conta da cor de minha pele. Expliquei que não, afinal nossa comunidade era pequena, todos haviam vindo da mesma região do interior e era como uma grande família, de certa forma. Claro que frases hoje consideradas racistas eram usadas a todo momento, mas nunca ninguém deu bola para isso. Então, não posso dizer que sofri com racismo, durante minha vida. Se fosse assim colocar, eu estaria em uma situação um tanto quanto incômoda, já que não sou nem branca, nem negra... e os negros fazem questão de frisar isso... essa afirmação eu faço por experiência própria... mas não é de mim que estou falando, então vamos voltar ao assunto.
O rapaz de quem eu falava no início chama-se Valmir. Seus pais eram brancos, podemos dizer que tinham ascendência europeia. Branco e sardento. A moça se chamava Brigite. Um nome não muito comum. Negra, filha de negros, neta de negros... era bonita. Digo era, porque já faleceu. Além de que a vida cobrou caro por seus deslizes. Bem, os dois se conheceram e se apaixonaram. Resolveram se casar, mesmo com os pais de ambos não concordando com o casamento. Vieram os filhos. E a família de ambos os lados continuando a criticar o casal, até que um dia se separaram. Não porque não se amassem, mas porque não aguentaram a pressão de ambas as famílias. A mulher voltou a casa de seus pais com as crianças pequenas. O rapaz permaneceu onde estava, e tentou ajudar sua ex companheira da melhor maneira que podia. Não conseguiu ser presente na criação de seus filhos porque seus pais e seus sogros não deixaram. A moça, diante de toda carga de responsabilidade a si atribuída, acabou adoecendo. E os filhos foram crescendo e acabaram se desencaminhando apara o mundo das drogas. O rapaz ainda visitava sua ex, tentando ajudá-la da maneira que podia. Até o dia em que um de seus filhos, revoltado com o que nem ele sabia porque, deu uma surra no pai e por pouco não o matou. A partir desse dia o rapaz teve que se afastar da sua amada, não porque assim o desejasse, mas porque o mundo assim exigia. O tempo passou, ele conheceu outra pessoa e resolveu refazer sua vida. Sua ex ainda tinha esperanças de que ele voltaria para ela. Mas isso não aconteceu. E ela tornou-se alcoólatra, e seus filhos (tanto as moças quanto os rapazes) se afundavam cada vez mais nas drogas. Um belo dia o rapaz resolveu casar-me legalmente com a nova companheira, já que a muito era divorciado da primeira. E essa, quando soube da noticia, feneceu tal qual a flor que a muito desabrochara e volta para a terra, pois já cumpriu seu destino nesse plano... sim, pouco tempo depois que seu ex parceiro se casou novamente, a moça veio a falecer... e seus filhos continuaram com as drogas, pois outro mundo não mais conhecem...
Alguns culpam o rapaz, dizendo que ele abandonou sua família e não deu suporte para a mãe de seus filhos. Outros acusam a moça, dizendo que ela não teve pulso para cuidar das crianças. Eu não sei de quem é a culpa. Dos dois? De seus pais, que interferiram em suas vidas e não permitiram que andassem com as próprias pernas? É fácil apontar o dedo e acusar, quando não somos nós que estamos no centro do furacão da vida...
Que Deus ilumine sempre nosso caminho e nos dê discernimento para separar o joio do trigo. Que Sua Benção Divina seja derramada sobre nossas cabeças. Beijos para todos e até amanhã, se Deus assim o permitir...
PREJUDICE AND DESTINY...
Monday, December 5th (19 more days and it's Christmas already! My God!), 21ºC, cloudy day...later, for sure, we'll have rain. And early rush hours, due to the round of 16 game for the Selection... well, I can't complain about the game, since thanks to it I'll spend one more day of vacation at home. Last night my boss sent me a message telling me he could come back tomorrow instead of today. I thought it was great, since I still have some things to do... no, I'm not going to see the national team's game. I hate football, as I've told you many times. But I enjoyed the respite granted thanks to him.
This morning, when I was putting out the garbage, I saw my mother and a cousin of mine commenting on a certain family, where for reasons that only God knows, everything went wrong in their lives. The wife has already died, not so long ago. Her husband was separated from her and had started a new relationship for some time. The children and the ex ended up lost, seeking refuge in drugs, licit and illicit. In this case, my mother and my cousin were talking about the subject and trying to find out who was to blame for their fate, the man or the woman. I kept thinking, and suddenly, as if in a snap, my mind came to mind... neither he nor she were the main culprits in the situation. Not. In fact, things took a turn for the worse. When the two got married, against their parents' wishes. I'll explain...
One of humanity's biggest problems, which seems insoluble, is racial prejudice. Even if our society doesn't formally recognize it, and even if in most cases we don't even notice it, it's something so ingrained in our customs that we don't even notice this problem around us. And I say this with full knowledge of the facts. I, for example, like most Brazilians, am mixed race. My father was white, very fair complexion, and my mother is black. But she is also mixed race. Her father was of European descent and her mother, the daughter of an Indian and a black woman, was a former slave. Well, I'm brunette, with a coppery complexion, so to speak. How do I identify? Brown, of course. Once a boss of mine asked me if, as a child, I had not been bullied because of the color of my skin. I explained that no, after all our community was small, they had all come from the same region of the interior and it was like a big family, in a way. Of course, phrases now considered racist were used all the time, but no one ever paid any attention to it. So, I cannot say that I suffered from racism during my life. If it were like that, I would be in a somewhat uncomfortable situation, since I am neither white nor black... and black people insist on emphasizing this... I make this statement from my own experience... but I don't I'm the one I'm talking about, so let's get back to the point.
The boy I was talking about at the beginning is called Valmir. His parents were white, we can say they had European ancestry. White and freckled. The girl was called Brigite. Not a very common name. Black, daughter of black people, granddaughter of black people... she was beautiful. I say was, because she has passed away. Besides, life took a toll on her slips. Well, the two met and fell in love. They decided to get married, even with their parents not agreeing to the marriage. The children came. And family on both sides continued to criticize the couple, until one day they broke up. Not because they didn't love each other, but because they couldn't handle the pressure from both families. The woman returned to her parents' house with the small children. The boy remained where he was, and tried to help his former partner as best he could. He couldn't be present in raising his children because his parents and in-laws wouldn't let him. The girl, faced with all the responsibility assigned to her, ended up getting sick. And the children grew up and ended up straying into the world of drugs. The boy still visited his ex, trying to help her in whatever way he could. Until the day when one of his sons, revolted by what he didn't even know why, beat up his father and almost killed him. From that day on, the boy had to leave his beloved, not because he wanted to, but because the world demanded it. Time passed, he met someone else and decided to rebuild his life. His ex still had hopes that he would come back to her. But that didn't happen. And she became an alcoholic, and her children (both girls and boys) got deeper and deeper into drugs. One fine day the young man decided to legally marry me to his new companion, since he had been divorced from the first one for a long time. And this one, when she heard the news, withered just like the flower that had blossomed and returned to earth, because she had already fulfilled her destiny on that plane... yes, shortly after her ex-partner remarried, the girl came to passed away... and their children continued with drugs, because they don't know another world...
Some blame the boy, saying he abandoned his family and did not support the mother of his children. Others accuse the girl, saying that she didn't have the heart to take care of the children. I don't know whose fault it is. From both? Of their parents, who interfered in their lives and didn't allow them to walk with their own legs? It's easy to point the finger and accuse, when we are not the ones at the center of life's hurricane...
May God always enlighten our path and give us discernment to separate the wheat from the chaff. May His Divine Blessing be poured over our heads. Kisses to all and see you tomorrow, God willing...
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