O REI ESTÁ NÚ...

 


O REI ESTÁ NÚ...

Quando ainda petiz, no inicio de minha vida acadêmica, nossa formação era feita, principalmente, à base de contos que traziam sempre uma lição de moral ao terminar a história. Claro que as crianças não percebiam as nuances de cada história que ouviam, mas as mensagens estavam ali, cristalinas...

Logicamente que  os professores faziam seu melhor para que pudéssemos absorver o conhecimento que nos era transmitido. Sempre de maneira lúdica, com explicações simplistas. Gostávamos das histórias, ficávamos a imaginar as cenas descritas por nossas mestras. Era uma relação gostosa, onde víamos projetada na professora a imagem de nossa mãe, cuidando de nós com tanto carinho...

Claro, havia cobranças. Afinal, não estávamos ali apenas para brincar... tínhamos objetivos a cumprir, coisas a aprender. Sim, coisas. Era assim que percebíamos as matérias que nos eram apresentadas. Nem sempre nos despertava o interesse de imediato. Mas, aos poucos, com muito  jeito, as novas matérias iam nos conquistando... pois a professora sempre encontrava uma maneira de tornar algo chato em descobertas interessantes...

Não posso dizer que todas as crianças tinham a mesma percepção que a minha. É claro que não. E por um motivo muito simples... cada pessoa é um Universo à parte e ninguém partilha a mesma visão advinda de uma experiência qualquer. Mesmo quando, aparentemente, só há um ângulo para observar tal experiência...

As lições de moral que recebíamos eram absorvidas de acordo com a percepção de cada um. A influência familiar ainda era a mais forte, então costumávamos comparar os novos conhecimentos com aquilo que nos havia sido apresentado pelas pessoas nas quais mais confiávamos... nossos pais....

Uma dessas fábulas, que marcou muito minha percepção do mundo foi justamente a história da indumentária invisível que um certo Rei adquiriu e passou a desfilar pelos seus domínios para mostrar o quão belo era não só o tecido, mas também o corte de sua nova roupa. Algo digno apenas de pessoas importantes, como o monarca citado... 

Todos os seus súditos baixavam a cabeça respeitosamente, tecendo elogios à figura daquele que tinha o poder de vida e morte sobre eles. Por esse motivo, fingiam enxergar algo que na realidade não conseguiam ver. Mas, se o Rei dizia que ali estava um lindo traje de gala, só lhes restava acreditar...

Depois do Monarca desfilar por algum tempo para os seus, uma criança gargalhou da figura cômica que se apresentava à sua frente, desnudando a mentira que estava à vista de todos, mas que ninguém desejava admitir... porque as consequências de tal ato seriam terríveis para aquele que dissesse a verdade nua e crua para a autoridade máxima daquela comunidade...

Não se fala, no final da história, o que aconteceu com o garoto que ousou desnudar o Rei, que caminhava nu pelo seu país. Mas, conhecendo a Nobreza e sua sensibilidade quanto à sua imagem, com certeza a história não acabou bem, nem para o garoto, nem para sua família...

Na realidade, essa história fala mais sobre a natureza humana do que podemos perceber em um primeiro momento... a nudez do Rei, embora simbólica, reflete a atitude das pessoas ante situações nas quais acreditam não ter como controlar. Porque não podem confrontar o Status Quo...

Na maioria das vezes fingimos ver algo que realmente não existe, ao menos em nosso Universo. Mas que o senso comum afirma, de pés juntos, que está ali. Então, mesmo não tendo à nossa frente tal imagem, fazemos como os vassalos da história em questão até que alguém resolva quebrar o encanto que nos envolve...

O Rei está nu...mas não nos é permitido comentar sobre sua nudez. Porque esta vai muito além daquilo que nos é permitido visualizar... 

Tania Miranda    -   Brasil   -    17/12/2025

==========================================================

  THE KING IS NAKED...


When I was still a child, at the beginning of my academic life, our education was mainly based on stories that always included a moral lesson at the end. Of course, the children didn't perceive the nuances of each story they heard, but the messages were there, crystal clear...

Logically, the teachers did their best so that we could absorb the knowledge that was transmitted to us. Always in a playful way, with simplistic explanations. We liked the stories, we would imagine the scenes described by our teachers. It was a pleasant relationship, where we saw projected in the teacher the image of our mother, taking care of us with so much affection...

Of course, there were demands. After all, we weren't there just to play... we had objectives to fulfill, things to learn. Yes, things. That's how we perceived the subjects that were presented to us. They didn't always immediately spark our interest. But, little by little, with great skill, the new subjects won us over... because the teacher always found a way to turn something boring into interesting discoveries...

I can't say that all the children had the same perception as me. Of course not. And for a very simple reason... each person is a universe apart and no one shares the same vision arising from any given experience. Even when, apparently, there is only one angle to observe such an experience...

The moral lessons we received were absorbed according to each person's perception. Family influence was still the strongest, so we used to compare new knowledge with what had been presented to us by the people we trusted most... our parents....

One of these fables, which greatly marked my perception of the world, was precisely the story of the invisible garment that a certain King acquired and began to parade through his domains to show how beautiful not only the fabric was, but also the cut of his new clothes. Something worthy only of important people, like the aforementioned monarch...

All his subjects bowed their heads respectfully, praising the figure of the one who held the power of life and death over them. For this reason, they pretended to see something they couldn't actually see. But, if the King said there was a beautiful gala outfit there, they had no choice but to believe...

After the Monarch paraded for some time before his people, a child laughed at the comical figure before him, exposing the lie that was in plain sight, but which no one wanted to admit... because the consequences of such an act would be terrible for whoever told the naked truth to the highest authority in that community...

The story doesn't say, at the end, what happened to the boy who dared to undress the King, who walked naked through his country. But, knowing the Nobility and their sensitivity regarding their image, the story certainly didn't end well, neither for the boy nor for his family...

In reality, this story speaks more about human nature than we can perceive at first glance... the King's nudity, although symbolic, reflects people's attitudes towards situations they believe they cannot control. Because they cannot confront the Status Quo...

Most of the time we pretend to see something that doesn't really exist, at least not in our Universe. But common sense affirms, without hesitation, that it is there. So, even without having such an image in front of us, we act like the vassals in the story in question until someone decides to break the spell that surrounds us...

The King is naked... but we are not allowed to comment on his nudity. Because it goes far beyond what we are allowed to visualize...


Tania Miranda - Brazil - 12/17/2025

==========================================================

EL REY ESTÁ DESNUDO...


Cuando era niño, al principio de mi vida académica, nuestra educación se basaba principalmente en cuentos que siempre incluían una moraleja al final. Claro que los niños no percibían los matices de cada historia, pero los mensajes estaban ahí, clarísimos...

Lógicamente, los profesores se esforzaban al máximo para que absorbiéramos los conocimientos que nos transmitían. Siempre de forma lúdica, con explicaciones sencillas. Nos gustaban los cuentos, imaginábamos las escenas que describían nuestros profesores. Era una relación agradable, donde veíamos proyectada en la profesora la imagen de nuestra madre, cuidándonos con tanto cariño...

Claro que había exigencias. Al fin y al cabo, no estábamos allí solo para jugar... teníamos objetivos que cumplir, cosas que aprender. Sí, cosas. Así percibíamos los temas que se nos presentaban. No siempre despertaban nuestro interés de inmediato. Pero, poco a poco, con gran habilidad, las nuevas asignaturas nos conquistaron... porque la profesora siempre encontraba la manera de convertir algo aburrido en descubrimientos interesantes...

No puedo decir que todos los niños tuvieran la misma percepción que yo. Claro que no. Y por una razón muy sencilla... cada persona es un universo aparte y nadie comparte la misma visión que surge de una experiencia dada. Incluso cuando, aparentemente, solo hay un ángulo para observar dicha experiencia...

Las lecciones morales que recibíamos se asimilaban según la percepción de cada uno. La influencia familiar seguía siendo la más fuerte, así que solíamos comparar los nuevos conocimientos con lo que nos habían presentado las personas en las que más confiábamos... nuestros padres...

Una de estas fábulas, que marcó profundamente mi percepción del mundo, fue precisamente la historia de la prenda invisible que cierto rey adquirió y comenzó a desfilar por sus dominios para mostrar la belleza no solo de la tela, sino también del corte de su nueva vestimenta. Algo digno solo de personas importantes, como el mencionado monarca...

Todos sus súbditos inclinaron la cabeza respetuosamente, alabando la figura de quien tenía el poder de la vida y la muerte sobre ellos. Por esta razón, fingieron ver algo que en realidad no podían ver. Pero, si el Rey decía que allí había un hermoso traje de gala, no tenían más remedio que creerlo...

Después de que el Monarca desfilara un rato ante su pueblo, un niño se rió de la cómica figura que tenía delante, exponiendo la mentira que estaba a la vista de todos, pero que nadie quería admitir... porque las consecuencias de tal acto serían terribles para quien dijera la verdad desnuda a la máxima autoridad de esa comunidad...

La historia no cuenta, al final, qué le sucedió al niño que se atrevió a desnudar al Rey, quien caminó desnudo por su país. Pero, conociendo a la nobleza y su sensibilidad con respecto a su imagen, la historia ciertamente no terminó bien, ni para el niño ni para su familia...

En realidad, esta historia habla más sobre la naturaleza humana de lo que podemos percibir a simple vista... la desnudez del Rey, aunque simbólica, refleja las actitudes de las personas ante situaciones que creen que no pueden controlar. Porque no pueden confrontar el statu quo...

La mayoría de las veces fingimos ver algo que realmente no existe, al menos no en nuestro universo. Pero el sentido común afirma, sin dudarlo, que está ahí. Así que, incluso sin tener esa imagen ante nosotros, actuamos como los vasallos de la historia en cuestión hasta que alguien decide romper el hechizo que nos rodea...

El Rey está desnudo... pero no se nos permite comentar sobre su desnudez. Porque va mucho más allá de lo que se nos permite visualizar...


Tania Miranda - Brasil - 17/12/2025

========================================================

KUNINGAS ON ALASTI...


Kun olin vielä lapsi, akateemisen urani alussa, koulutuksemme perustui pääasiassa tarinoihin, joihin aina sisältyi moraalinen oppitunti lopussa. Lapset eivät tietenkään ymmärtäneet jokaisen kuulemansa tarinan vivahteita, mutta viestit olivat läsnä, kristallinkirkkaita...

Loogisesti opettajat tekivät parhaansa, jotta pystyimme omaksumaan meille välittyvän tiedon. Aina leikkisällä tavalla, yksinkertaisilla selityksillä. Pidimme tarinoista, kuvittelimme opettajiemme kuvailemia kohtauksia. Se oli miellyttävä suhde, jossa näimme opettajassa äidin kuvan, joka huolehti meistä niin suurella kiintymyksellä...

Tietenkin oli vaatimuksia. Loppujen lopuksi emme olleet siellä vain leikkimässä... meillä oli tavoitteita täytettävänä, asioita opittavana. Kyllä, asioita. Näin me havaitsimme meille esitetyt aiheet. Ne eivät aina herättäneet kiinnostustamme heti. Mutta vähitellen, suurella taidolla, uudet aineet voittivat meidät puolellemme... koska opettaja löysi aina keinon muuttaa tylsät asiat mielenkiintoisiksi löydöiksi...

En voi sanoa, että kaikilla lapsilla olisi ollut sama havaintokyky kuin minulla. Tietenkin ei. Ja hyvin yksinkertaisesta syystä... jokainen ihminen on oma universuminsa, eikä kenelläkään ole samaa näkemystä, joka syntyy mistään kokemuksesta. Vaikka näennäisesti on vain yksi näkökulma tällaiseen kokemukseen...

Saamamme moraaliset opetukset omaksuimme jokaisen ihmisen havainnoinnin mukaan. Perheen vaikutus oli edelleen vahvin, joten vertasimme uutta tietoa siihen, mitä meille olivat esittäneet ihmiset, joihin luotimme eniten... vanhempamme....

Yksi näistä tarinoista, joka vaikutti suuresti maailmankuvaani, oli juuri tarina näkymättömästä vaatteesta, jonka eräs kuningas hankki ja alkoi paraatia valtakunnillaan osoittaakseen, kuinka kaunis oli paitsi kangas, myös uusien vaatteidensa leikkaus. Jotain, joka oli arvoinen vain tärkeille ihmisille, kuten edellä mainitulle monarkille...

Kaikki hänen alamaisensa kumarsivat kunnioittavasti ja ylistivät sitä henkilöä, jolla oli valta elämän ja kuoleman yli heihin. Tästä syystä he teeskentelivät näkevänsä jotain, mitä he eivät todellisuudessa voineet nähdä. Mutta jos kuningas sanoi, että siellä oli kaunis juhla-asu, heillä ei ollut muuta vaihtoehtoa kuin uskoa...

Kun monarkki oli jonkin aikaa paraatinut kansansa edessä, lapsi nauroi edessään olevalle koomiselle hahmolle paljastaen valheen, joka oli kaikkien nähtävissä, mutta jota kukaan ei halunnut myöntää... koska tällaisen teon seuraukset olisivat kauheita sille, joka kertoisi alastoman totuuden yhteisön korkeimmalle auktoriteetille...

Tarina ei kerro lopussa, mitä tapahtui pojalle, joka uskalsi riisua kuninkaan, joka käveli alastomana hänen maassaan. Mutta tuntemalla aateliston ja heidän herkkyytensä imagoaan kohtaan, tarina ei todellakaan päättynyt hyvin, ei pojalle eikä hänen perheelleen...

Todellisuudessa tämä tarina kertoo enemmän ihmisluonnosta kuin voimme ensi silmäyksellä havaita... kuninkaan alastomuus, vaikka symbolinen, heijastaa ihmisten asenteita tilanteisiin, joita he uskovat, etteivät he voi hallita. Koska he eivät voi kohdata vallitsevaa tilannetta...

Useimmiten teeskentelemme näkevämme jotain, mitä ei oikeasti ole olemassa, ainakaan meidän universumissamme. Mutta maalaisjärki vahvistaa epäröimättä, että se on olemassa. Joten, vaikka meillä ei olisikaan tällaista kuvaa edessämme, toimimme kuin kyseisen tarinan vasallit, kunnes joku päättää rikkoa meitä ympäröivän loitsun...


Kuningas on alasti... mutta emme saa kommentoida hänen alastomuuttaan. Koska se menee paljon pidemmälle kuin mitä meillä on lupa visualisoida...


Tania Miranda - Brasilia - 17.12.2025

==========================================================


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

THE CRYSTAL CUP - Chapter Six

A MÚSICA É A LINGUAGEM DOS ANJOS

IDENTIDADE