ABUSCRIBA

 





ABUSCRIBA….

Antes que me perguntem… não, eu não sei o real significado da palavra que dá título a mais essa crônica que ora vos ofereço. É uma palavra inventada pela minha pequenina. Está no quarto ano. Essa palavra ela criou quando ainda cursava a segunda série e ela e as amigas a usam sem parcimônia. Quando interpelada sobre o que significaria sua palavra, respondeu simplesmente “é um elogio”…

Isso me remeteu automaticamente à minha juventude, quando escrevia cadernos e mais cadernos de poesias e contos. Muitos deles eu não queria que ninguém lesse, pois eram íntimos demais. Não, nada de descrições picantes ou coisas do gênero. Não é meu estilo de escrita. Mas eram coisas pessoais, que eu não queria que outras pessoas tomassem ciência. Então, criei todo um alfabeto a base de ideogramas

No total meu alfabeto tinha cinquenta caracteres para definir as letras correspondentes ao nosso alfabeto comum. Eu o usava, também, para bilhetes românticos. Claro que dava, junto com o primeiro bilhete, uma cópia do alfabeto com seus significados…

Não o tenho mais. A muito se perdeu nas brumas do tempo, assim como meu caderno escrito com o “meu” alfabeto. Se o encontrasse e o folheasse hoje, não saberia ler o que nele estava gravado. Porque deixei de usá-lo ainda em minha adolescência. Sabe como é… vamos crescendo e, aos poucos vamos esquecendo nossas conquistas…

Voltando à minha pequena, fiquei bastante surpresa na primeira vez que a vi pronunciando a “sua” palavra. E a alegria que irradiava, durante sua conversa com as amiguinhas, era algo fantástico. E o retorno destas, usando a palavra que agora pertencia a todas, era algo mágico, indescritível…

Não é fantástica a maneira que criamos novos adjetivos para nos referir ao mundo ao nosso redor? Uma simples palavra tem o poder de criar todo um Universo. É como se colocássemos um ramalhete de flores enfeitando o ambiente no qual estamos inseridos…

Claro que sempre criticamos as criações das novas gerações. Quando não entendemos o sentido que elas dão às usas criações, costumamos ficar sem rumo, pois fomos educados para estar sempre no timão, controlando tudo aquilo que ocorrer ao nosso redor…

Falando de minha pequenina… como toda criança em sua idade, adora desenhar seus personagens favoritos. Não sei qual é agora. Quer dizer, não sei o nome de seu jogo preferido. O que sei é que ela costuma se reunir, remotamente, com suas amigas a noite e ficam jogando online até altas horas. Mesmo sendo remoto, essa interação entre ela e suas amigas da Escola é algo incrível. Conversam o tempo todo, dão risadas enquanto avançam as fases do jogo. Tudo bem, não é como no meu tempo, onde a gente se reunia de corpo presente e brincava na rua… mas nem espaço para as crianças brincarem espontaneamente tem nos dias de hoje…

Você pode até me falar que existem parques onde as crianças podem brincar em segurança. Bem, não é bem assim… nem sempre há segurança nesses lugares, pois infelizmente pessoas mal intencionadas existem em todos os lugares… além disso, o que atrai a criança para qualquer tipo de folguedo é a espontaneidade… deu vontade de fazer uma travessura, simplesmente faz…

Claro que essa opção não existe no mundo virtual… uma arte qualquer pode causar o banimento da pessoa da plataforma na qual ela se encontra. Minha pequena já descobriu isso. E por tal motivo tornou-se muito mais cuidadosa com o que escreve ou fala na rede. Então ela e suas amigas, antes de escreverem qualquer coisa, se consultam entre elas, para saber se o que desejam escrever pode ou não ser veiculado. E assim, vão aprendendo como se comportar no mundo virtual…

Estranho pensar que nos dias de hoje você pode se encontrar virtualmente com as pessoas. E os laços criados são tão fortes quanto aqueles formados no “tête-a-tête”… somente são vividos de outra forma…

Ah, sim, tanto minha pequena quanto suas amigas de jogo sabem que não devem postar fotos de si mesmas… para sua segurança. Afinal, ao dizer que uma praça, um parque publico não é seguro, não quis dizer que o cyberespaço é… na realidade, o cyberespaço é muito mais perigoso, pois na maioria das vezes somos enredadas pelas armadilhas criadas para nos pegar… e o pior é que geralmente caímos…

E assim vamos seguindo em frente. Caindo, levantado, sacudindo a poeira e dando a volta por cima… ou então, como cantava a grande Inesita Barroso… “Venho pros caminho, venho trupicando –  chifrando os barranco, venho cambeteando – e no lugar que caio, já caio roncando”…

Vendo minha pequenina crescendo feliz e saudável enche meu coração de alegria. Porque sei que ela é querida por suas amiguinhas.  E juntas, criam seu próprio dialeto. Do qual já conheço ao menos uma palavra… que como eu disse, não faço a menor ideia do que pode significar em sua cabecinha maravilhosa… mas vou usá-la para encerrar esse texto…

Abuscriba!!!!

Tania Miranda - Brasil - 23/09/2025

=========================================================================

ABUSCRIBA…

Antes de que pregunten… no, no sé el verdadero significado de la palabra que da título a esta última crónica que les ofrezco. Es una palabra que inventó mi pequeña. Está en cuarto de primaria. Creó esta palabra cuando aún estaba en segundo, y ella y sus amigos la usan sin parar. Cuando le preguntaron qué significaba, simplemente respondió: «Es un cumplido».

Esto me recordó automáticamente a mi juventud, cuando escribía cuadernos y cuadernos de poesía y cuentos. Muchos no quería que nadie leyera porque eran demasiado íntimos. No, nada de descripciones subidas de tono ni nada por el estilo. No es mi estilo de escritura. Pero eran cosas personales, cosas que no quería que otros supieran. Así que creé un alfabeto entero basado en ideogramas…

En total, mi alfabeto tenía cincuenta caracteres para definir las letras correspondientes a nuestro alfabeto común. También lo usaba para notas románticas. Por supuesto, junto con la primera nota, les di una copia del alfabeto con sus significados...

Ya no lo tengo. Se perdió hace mucho tiempo en la noche de los tiempos, igual que mi cuaderno escrito con "mi" alfabeto. Si lo encontrara y lo hojeara hoy, no sabría qué estaba escrito. Porque dejé de usarlo cuando aún era adolescente. Ya saben cómo es... crecemos y, poco a poco, olvidamos nuestros logros...

Volviendo a mi pequeña, me sorprendió bastante la primera vez que la vi pronunciar "su" palabra. Y la alegría que irradiaba durante su conversación con sus amiguitos era algo fantástico. Y su respuesta, usando la palabra que ahora les pertenecía a todos, era algo mágico, indescriptible...

¿No es fantástica la forma en que creamos nuevos adjetivos para referirnos al mundo que nos rodea? Una simple palabra tiene el poder de crear todo un universo. Es como si colocáramos un ramo de flores decorando el entorno en el que vivimos...

Claro, siempre criticamos las creaciones de las nuevas generaciones. Cuando no entendemos el significado que les dan, tendemos a sentirnos desorientados, pues nos han criado para estar siempre al mando, controlando todo lo que sucede a nuestro alrededor...

Hablando de mi pequeña... como a todos los niños de su edad, le encanta dibujar a sus personajes favoritos. No sé cuáles son ahora. O sea, no sé cómo se llama su juego favorito. Lo que sí sé es que suele reunirse a distancia con sus amigos por la noche y se queda jugando online hasta altas horas de la noche. Aunque sea a distancia, esta interacción entre ella y sus amigos del colegio es increíble. Hablan sin parar, riendo mientras avanzan de nivel. Bueno, no es como en mi época, donde nos juntábamos en persona y jugábamos en la calle... pero ahora ni siquiera hay espacio para que los niños jueguen espontáneamente...

Incluso podrías decirme que hay parques donde los niños pueden jugar con seguridad. Bueno, no es del todo así... no siempre es seguro en estos lugares, porque por desgracia, hay gente malintencionada por todas partes... además, lo que atrae a los niños a cualquier tipo de diversión es la espontaneidad... si les apetece hacer alguna travesura, simplemente la hacen...

Claro, esta opción no existe en el mundo virtual... cualquier tipo de arte puede hacer que los expulsen de la plataforma en la que están. Mi pequeña ya lo ha descubierto. Y por eso, se ha vuelto mucho más cuidadosa con lo que escribe o dice en línea. Así que, antes de escribir nada, ella y sus amigas se consultan para ver si lo que quieren escribir es seguro o no. Y así, aprenden a comportarse en el mundo virtual...

Es extraño pensar que hoy en día se puede conocer gente virtualmente. Y los vínculos que se crean son tan fuertes como los que se forman en persona... simplemente se viven de forma diferente...

Ah, sí, tanto mi pequeña como sus amigas gamer saben que no deben publicar fotos suyas... por su propia seguridad. Al fin y al cabo, cuando dije que una plaza o un parque público no son seguros, no me refería a que el ciberespacio lo sea… en realidad, el ciberespacio es mucho más peligroso, porque la mayoría de las veces caemos en las trampas que nos tienden… y lo peor es que solemos caer…

Y así avanzamos. Cayendo, levantándonos, sacándonos el polvo y volviendo a levantarnos… o, como cantaba la gran Inesita Barroso… «Vengo por el camino, vengo tropezando, chocando contra los terraplenes, vengo tropezando, y donde caigo, caigo ya roncando»…

Ver a mi pequeña crecer feliz y sana me llena el corazón de alegría. Porque sé que sus amiguitos la quieren. Y juntos, crean su propio dialecto. Del que ya sé al menos una palabra… que, como dije, no tengo ni idea de qué significará en tu maravillosa cabecita… pero la usaré para concluir este texto…

¡Abuscriba! Tania Miranda - Brasil - 23 de septiembre de 2025






Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

THE CRYSTAL CUP - Chapter Six

IDENTIDADE

A MÚSICA É A LINGUAGEM DOS ANJOS