REFLEXÕES



REFLEXÕES

Creio que já disse, várias vezes, que minha família é oriunda do interior. Meus pais, como os pais de meus pais, eram caboclos da roça. Minha mãe cresceu entre quadras de arroz e plantações de batatas, entre outras hortaliças... meu pai fez de tudo um pouco em sua vida de peão. Lida de gado, preparo da terra para plantação... sim, foi tratorista por algum tempo... puxou enxada... passou por todo tipo de trabalho que o campo proporciona. Até que eu cheguei e decidiram que era hora de tentar uma nova vida na cidade grande...

Vim para a Capital com um ano e pouco de vida... não me lembro de nada de minha cidade natal... aliás, nunca fui lá... nunca tive vontade. Apesar de nascer na cidade de Taubaté, terra da minha mãe e de seus familiares, não tenho ninguém morando lá. Como sabem, os peões das fazendas viviam migrando de um canto para o outro, a procura de novas oportunidades. E a família de minha mãe acabou indo para São José dos Campos, distrito de Eugênio de Melo, onde meus avós ficaram até a sua passagem deste para o outro plano...

Na verdade, a região em que eu moro desde que viemos para cá... e isso já fazem bons sessenta anos... deixou de ser zona rural a pouco tempo, passando à condição de periferia... e trazendo com essa nova condição todos os problemas que poderia trazer...  hoje não reconheço mais a região, o bairro, a rua em que moro... não é, definitivamente, o lugar em que passei minha infância...

Se um morador da minha época de infância por algum motivo ressuscitasse e resolvesse caminhar pelas cercanias do bairro, iria se assustar, com toda certeza. Afinal, as campinas que aqui existiam... as nascentes e regatos que cortavam toda a região, a muito deixaram de existir... o Poder Público aterrou várias nascentes, tudo em nome do "progresso"... os arvoredos que enfeitavam a paisagem não mais existem... e a fauna, é claro, foi extinta, ao menos em nossa região...

Claro que alguns animais teimosos insistem em viver na área... mas o mundo não é benigno para com eles. Até mesmo os cães e gatos sofrem com a nova condição do bairro. Não existe a carrocinha para recolher os cães abandonados... e esses sobrevivem de teimosos, contando com a generosidade de uma ou outra alma abençoada que se compadeça de sua condição... 

Não sei onde iremos parar, se continuarmos com nossa sanha de desmatar as regiões que ainda tem um pouco de verde... afinal, a riqueza que temos na floresta não se comparam com o "ganho" que o progresso nos trás... a Natureza nos oferece tudo aquilo que necessitamos para sobreviver... mas a gana de fazer fortuna faz com que desprezemos aquilo que de graça nos é ofertado, para que passemos a consumir produtos que nem sempre são bons para nossa saúde...

Talvez um dia percebamos que o Progresso e a Natureza podem andar de lado a lado, sem que um anule o outro. Meu medo é que isso só aconteça quando os Senhores do Mundo descubram que podem lucrar mais com essa condição, e aquilo que de graça é ofertado pelo mundo passe a ser cobrado por eles do povo em geral... como se somente a eles o mundo pertencesse...    

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REFLEXÕES


Minha família é oriunda do interior. Meus pais eram caboclos da roça. Minha mãe cresceu entre quadras de arroz e plantações de batatas... meu pai fez de tudo um pouco em sua vida de peão. Lida de gado, preparo da terra para plantação... sim, foi tratorista por algum tempo... puxou enxada... passou por todo tipo de trabalho que o campo proporciona. Até que eu cheguei e decidiram tentar uma nova vida na cidade grande...

Vim para a Capital com um ano e pouco de vida... apesar de nascer na cidade de Taubaté, terra da minha mãe e de seus familiares, não tenho ninguém morando lá. Como sabem, os peões das fazendas viviam migrando de um canto para o outro, a procura de novas oportunidades. E a família de minha mãe acabou indo para São José dos Campos, distrito de Eugênio de Melo, onde meus avós ficaram até a sua passagem deste para o outro plano...

A região em que eu moro deixou de ser zona rural a pouco tempo, tornando-se periferia... e trazendo com essa nova condição todos os problemas que poderia trazer...  não é, definitivamente, o lugar em que passei minha infância...

Se um morador da minha infância ressuscitasse e resolvesse caminhar pelas cercanias do bairro, iria se assustar, com toda certeza. Afinal, as campinas que aqui existiam... as nascentes e regatos que cortavam toda a região, a muito deixaram de existir... o Poder Público as aterrou em nome do "progresso"... os arvoredos que enfeitavam a paisagem e a fauna... foram extintos em nossa região...

Claro que alguns animais teimosos insistem em viver na área... mas o mundo não é benigno para com eles... sobrevivem de teimosos, contando com a generosidade de uma ou outra alma abençoada que se compadeça de sua condição... 

Não sei onde iremos parar, se continuarmos com nossa sanha de desmatar as regiões que ainda tem um pouco de verde... afinal, a riqueza que temos na floresta não se compara com o "ganho" que o progresso nos trás... a gana de fazer fortuna faz com que desprezemos aquilo que de graça nos é ofertado...

Talvez um dia percebamos que o Progresso e a Natureza podem andar  lado a lado, sem que um anule o outro. Meu medo é que acabemos descobrindo isso tarde demais...

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REFLECTIONS


My family comes from the countryside. My parents were rural peasants. My mother grew up among rice fields and potato fields... my father did a little bit of everything in his life as a farmhand. Dealing with livestock, preparing the land for planting... yes, he was a tractor driver for some time... he pulled a hoe... he did all kinds of work that the countryside provides. Until I arrived and they decided to try a new life in the big city...

I came to the Capital when I was a year or so old... despite being born in the city of Taubaté, where my mother and her family lived, I don't have anyone living there. As you know, farm workers were constantly migrating from one corner to another, looking for new opportunities. And my mother's family ended up going to São José dos Campos, district of Eugênio de Melo, where my grandparents stayed until they passed from this plane to the other...

The region in which I live stopped being a rural area recently, becoming a suburb... and bringing with this new condition all the problems it could bring... it is definitely not the place where I spent my childhood. ..

If a resident from my childhood came back to life and decided to walk around the neighborhood, he would definitely be scared. After all, the meadows that existed here... the springs and streams that crossed the entire region no longer existed... the Public Power filled them in the name of "progress"... the trees that decorated the landscape and the fauna... were extinct in our region...

Of course, some stubborn animals insist on living in the area... but the world is not kind to them... they survive by being stubborn, counting on the generosity of one or another blessed soul who sympathizes with their condition...

I don't know where we will end up, if we continue with our desire to deforest the regions that still have a little green... after all, the wealth we have in the forest is not compared to the "gain" that progress brings us... The desire to make a fortune makes us despise what is offered to us for free...

Maybe one day we will realize that Progress and Nature can go hand in hand, without one canceling out the other. My fear is that we will end up discovering this too late...

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REFLEXIONES


Mi familia viene del campo. Mis padres eran campesinos rurales. Mi madre creció entre arrozales y campos de patatas... mi padre hizo un poco de todo en su vida como peón. Ocupándose del ganado, preparando la tierra para la siembra... sí, fue tractorista durante algún tiempo... tiraba de una azada... hacía todo tipo de trabajos que proporciona el campo. Hasta que llegué y decidieron probar una nueva vida en la gran ciudad...

Llegué a la Capital cuando tenía un año y pico... a pesar de haber nacido en la ciudad de Taubaté, donde vivía mi madre y su familia, no tengo a nadie viviendo allí. Como saben, los trabajadores agrícolas migraban constantemente de un rincón a otro en busca de nuevas oportunidades. Y la familia de mi madre acabó yendo a São José dos Campos, barrio de Eugênio de Melo, donde mis abuelos se quedaron hasta que pasaron de este plano al otro...

La región en la que vivo dejó de ser una zona rural recientemente, convirtiéndose en un suburbio... y trayendo con esta nueva condición todos los problemas que podría traer... definitivamente no es el lugar donde pasé mi infancia.

Si un residente de mi infancia volviera a la vida y decidiera caminar por el barrio, definitivamente se asustaría. Al fin y al cabo, las praderas que aquí existían… los manantiales y arroyos que cruzaban toda la región ya no existían… el Poder Público los llenó en nombre del “progreso”… los árboles que decoraban el paisaje y la fauna ... estaban extintos en nuestra región...

Por supuesto, algunos animales testarudos insisten en vivir en la zona... pero el mundo no es amable con ellos... sobreviven siendo testarudos, contando con la generosidad de alguna que otra alma bendita que se compadece de su condición...

No sé donde vamos a terminar, si seguimos con nuestro afán de deforestar las regiones que aún tienen un poco de verde... al fin y al cabo, la riqueza que tenemos en el bosque no se compara con la "ganancia" que supone el progreso. nos trae... El deseo de hacer fortuna nos hace despreciar lo que se nos ofrece gratis...

Quizás algún día nos demos cuenta de que Progreso y Naturaleza pueden ir de la mano, sin que uno anule al otro. Mi temor es que terminemos descubriendo esto demasiado tarde...

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RIFLESSI




La mia famiglia viene dalla campagna. I miei genitori erano contadini di campagna. Mia madre è cresciuta tra risaie e campi di patate... mio padre ha fatto un po' di tutto nella sua vita come bracciante agricolo. Si occupava del bestiame, preparava il terreno per la semina... sì, per qualche tempo ha fatto il trattorista... tirava la zappa... faceva tutti i lavori che la campagna offre. Fino al mio arrivo e loro hanno deciso di provare una nuova vita nella grande città...


Sono arrivato nella Capitale quando avevo circa un anno... nonostante sia nato nella città di Taubaté, dove viveva mia madre e la sua famiglia, non ho nessuno che vive lì. Come sapete, i lavoratori agricoli migravano costantemente da un angolo all'altro, alla ricerca di nuove opportunità. E la famiglia di mia madre finì per andare a São José dos Campos, quartiere di Eugênio de Melo, dove rimasero i miei nonni finché non passarono da questo aereo all'altro...


La regione in cui vivo ha smesso di essere una zona rurale ultimamente, diventando una periferia... e portando con sé questa nuova condizione tutti i problemi che potrebbe portare... non è sicuramente il luogo dove ho trascorso la mia infanzia..


Se un abitante della mia infanzia tornasse in vita e decidesse di passeggiare per il quartiere, si spaventerebbe sicuramente. Del resto i prati che esistevano qui... le sorgenti e i ruscelli che attraversavano tutta la regione non esistevano più... il Potere Pubblico li ha colmati in nome del "progresso"... gli alberi che decoravano il paesaggio e la fauna ...erano estinti nella nostra regione...


Certo, alcuni animali testardi insistono a vivere nella zona... ma il mondo non è gentile con loro... sopravvivono essendo testardi, contando sulla generosità di questa o quella anima benedetta che simpatizza con la loro condizione...


Non so dove andremo a finire, se continuiamo con il nostro desiderio di disboscare le regioni che hanno ancora un po' di verde... dopo tutto, la ricchezza che abbiamo nella foresta non è paragonabile al "guadagno" che il progresso ci porta... Il desiderio di fare fortuna ci fa disprezzare ciò che ci viene offerto gratuitamente...


Forse un giorno ci renderemo conto che Progresso e Natura possono andare di pari passo, senza che l'uno si annulli l'altro. La mia paura è che finiremo per scoprirlo troppo tardi...

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RÉFLEXIONS


Ma famille vient de la campagne. Mes parents étaient des paysans ruraux. Ma mère a grandi au milieu des rizières et des champs de pommes de terre... mon père a fait un peu de tout dans sa vie de fermier. S'occuper du bétail, préparer la terre pour les semis... oui, il a été conducteur de tracteur pendant un certain temps... il tirait une houe... il faisait toutes sortes de travaux que propose la campagne. Jusqu'à mon arrivée et qu'ils décident d'essayer une nouvelle vie dans la grande ville...

Je suis arrivé dans la capitale quand j'avais environ un an... même si je suis né dans la ville de Taubaté, où vivaient ma mère et sa famille, je n'ai personne qui y habite. Comme vous le savez, les ouvriers agricoles se déplaçaient constamment d'un coin à l'autre, à la recherche de nouvelles opportunités. Et la famille de ma mère a fini par se rendre à São José dos Campos, quartier d'Eugênio de Melo, où sont restés mes grands-parents jusqu'à ce qu'ils passent d'un avion à l'autre...

La région dans laquelle je vis a récemment cessé d'être une zone rurale, pour devenir une banlieue... et avec cette nouvelle condition tous les problèmes que cela pourrait entraîner... ce n'est certainement pas l'endroit où j'ai passé mon enfance.

Si un habitant de mon enfance revenait à la vie et décidait de se promener dans le quartier, il aurait certainement peur. Après tout, les prairies qui existaient ici... les sources et les ruisseaux qui traversaient toute la région n'existaient plus... le Pouvoir Public les remplissait au nom du "progrès"... les arbres qui décoraient le paysage et la faune ... étaient éteints dans notre région...

Bien sûr, certains animaux têtus insistent pour vivre dans la région... mais le monde n'est pas tendre avec eux... ils survivent en étant têtus, comptant sur la générosité de l'une ou l'autre âme bénie qui sympathise avec leur condition...

Je ne sais pas où on va finir, si on continue avec notre volonté de déforester les régions qui ont encore un peu de vert... après tout, la richesse qu'on a dans la forêt n'est pas comparée au "gain" que progresse nous amène... L'envie de faire fortune nous fait mépriser ce qui nous est offert gratuitement...

Peut-être qu’un jour nous réaliserons que Progrès et Nature peuvent aller de pair, sans que l’un annule l’autre. Ma crainte est qu'on finisse par le découvrir trop tard...


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